O que é o pós-parto? E o que significa perinatal?

Você provavelmente já ouviu alguém falar em “pós-parto” como se fosse apenas os primeiros dias depois que o bebê nasce. Mas a verdade é que essa fase se estende muito além disso — e é marcada por transformações profundas na vida da mulher.
Nessa fase, até 80% das mulheres podem vivenciar o chamado baby blues — uma resposta emocional natural às mudanças hormonais e à intensidade da chegada do bebê.

O baby blues costuma surgir entre o 3º e o 5º dia após o parto e se manifesta com:

  • Episódios de choro sem motivo aparente

  • Sensação de sobrecarga

  • Irritabilidade ou ansiedade

  • Tristeza repentina

  • Insônia mesmo com cansaço

É importante dizer: isso não é frescura.
O baby blues, apesar de desconfortável, costuma ser passageiro e tende a se resolver espontaneamente em até duas semanas.

O puerpério é o período que começa logo após o parto e pode se estender por meses ou até 2 anos após o nascimento do bebê. É um tempo de intensas mudanças físicas, emocionais, sociais e relacionais. O corpo começa a voltar ao seu estado pré-gestacional, enquanto a mente e o coração tentam se ajustar a uma nova identidade: a de mãe.

Essa fase acontece, em geral, nos primeiros seis meses de vida do bebê. É um tempo de entrega total – física, psíquica e emocional. O bebê demanda a presença integral da mãe, o que pode gerar um forte estranhamento emocional, especialmente para aquelas que acreditavam que, com três meses, tudo voltaria ao “normal”.
Nessa etapa, o bebê ainda está profundamente interligado à subjetividade da mãe, o que pode fazê-la sentir que está se perdendo de si mesma.

Fase 1: A simbiose – mãe e bebê como um só

Fase 2: A confusão interna, quando a simbiose começa a se romper

A partir do sexto mês, o bebê começa a se alimentar além do leite materno. Isso marca não apenas uma transição alimentar, mas também um corte simbólico do cordão umbilical psíquico.
Nesse processo, a mãe começa a emergir novamente como sujeito. É quando surgem pensamentos como:
“Não sei mais quem eu sou, mas estou grata e entregue.”
“Quero voltar a me reconhecer para além da maternidade.”
“É tudo muito mais difícil do que imaginei.”

Fase 3: O renascimento – a superação do puerpério emocional

Após a mãe se perceber naquela confusão interna, ela precisa percorrer o caminho para a elaboração de todas essas mudanças após a maternidade.
A forma mais rápida para a superação do puerpério é a terapia do puerpério — uma terapia especializada com profissionais que entendem essa fase do ciclo gravídico-puerperal.
Além da terapia do puerpério, a psicoeducação também é muito eficaz. Ou seja, aprender sobre a psicologia do puerpério, entender a si mesma por meio do autoconhecimento e da autoanálise.

Mas... e quando o puerpério não é superado, mas sim adaptado? Ou seja, a mãe continua vivendo os conflitos do puerpério?
Aí, precisamos olhar com atenção para o que pode estar além do esperado.
Tristeza profunda, culpa excessiva, medo constante de não dar conta, desinteresse por atividades ou dificuldade de se conectar com o bebê podem indicar um transtorno mental perinatal, como a depressão pós-parto ou quadros de ansiedade.

Esses sentimentos não são raros.
E o mais importante: eles têm nome, têm explicação e têm tratamento.
Falar sobre a saúde mental no puerpério é abrir espaço para que mulheres não precisem viver esse momento em silêncio — ou sentindo culpa por não estarem “felizes o tempo todo”.

Você não está sozinha. E não precisa passar por isso sem apoio.